IPH - Instituto de Pesquisas Hospitalares

Publicações Revista IPH Revista IPH Nº17 Editorial Revista IPH n° 17

Editorial Revista IPH n° 17 Prof. Arq. Marcio Nascimento de Oliveira
Foi com grande honra que aceitei o convite do IPH para ajudar na organização desta 17ª edição da Revista IPH, publicação de destaque na divulgação do conhecimento técnico-cientifico relacionado aos ambientes de saúde. Um dos principais legados do mestre Jarbas Karman, que proporcionou à comunidade cientifica este inestimável espaço de reflexão e troca de experiências entre profissionais, acadêmicos e pesquisadores, a Revista IPH é uma verdadeira "tribuna engajada em veicular ideias pesquisas, progressos, projetos e planos", como o próprio Karman descreveu em editorial na primeira edição, publicada em fevereiro de 2001. 

Marcando os 20 anos desta trajetória de grande sucesso, esta edição traz sete artigos inéditos, incluindo contribuições de renomados profissionais e pesquisadores convidados do Brasil, Japão, Suécia, Itália e Estados Unidos, bem como trabalhos submetidos à avaliação do comitê editorial da revista. Esta edição conta ainda com a colaboração da professora Elza Costeira, que apresenta uma resenha da recente reedição do livro "Feitos para Curar - a arquitetura e o processo projetual no Brasil" do arquiteto Luíz Carlos Toledo, leitura obrigatória para todos que se interessam pela arquitetura de hospitais. 

Da Universidade Toyo, o arquiteto e professor Kazuhiko Okamoto apresenta um estudo sobre o desenvolvimento do conceito Growth and Change (crescimento e mudança), proposto pelo arquiteto britânico John Weeks, na arquitetura hospitalar no Japão. Neste estudo, o Prof. Okamoto demonstra como a abordagem teórica de Weeks se relacionou e encontrou ressonância junto às práticas existentes no Japão, a partir do final dos anos 60, e sua influencia em diversos projetos de hospitais naquele país. 

Em outro artigo, um grupo de pesquisadores da Universidade de Tecnologia Chalmers, liderados pelo professor e pesquisador Göran Lindahl, apresenta um estudo qualitativo sobre os efeitos de uma reforma que a Suécia realizou em seu sistema de saúde, na qual buscou proporcionar, por meio de uma estratégia baseada na descentralização, uma "saúde mais próxima das pessoas". O estudo apresenta um panorama sobre as repercussões e tensões advindas da implantação de hospitais locais e, de forma mais geral, de outros serviços públicos providos de forma descentralizada, na gestão da rede de saúde. 

Da Itália, pesquisadores do Instituto Politécnico de Milão discutem como a pandemia de COVID-19 afetou as tendências no design dos ambientes de saúde, utilizando como pano de fundo o "Decálogo para Hospitais Resilientes", estudo que teve como objetivo indicar as principais estratégias a serem consideradas no projeto de novos hospitais e no retrofit de estruturas existentes. Ao listar as diversas estratégias que podem ser utilizadas pelos designers, tanto na fase de projeto quanto na de operação de hospitais, os pesquisadores Stefano Capolongo, Marco Gola e Andrea Brambilla ressaltam que esta pandemia levou a uma mudança radical no modo de funcionamento das operações de saúde, acelerando os processos de inovação e transformação.

Em sua contribuição, o arquiteto e professor Haroldo Pinheiro apresenta uma reflexão sobre a forma de aplicação dos conceitos de flexibilidade espacial e extensibilidade nos hospitais planejados por João Filgueiras Lima, o Lelé. Com a experiência de ter desenvolvido diversos trabalhos ao lado de Lelé, Haroldo destaca elementos e soluções construtivas de projetos icônicos da Rede Sarah, em especial as unidades construídas em Brasília e Salvador, permeando seu texto com detalhes históricos e valiosos desenhos e fotos de seu acervo pessoal. 

Da Universidade Clemson (EUA), os pesquisadores David Allison, Herminia Machry e Anjali Joseph apresentam os resultados de um estudo sobre o design de salas de cirurgia ambulatorial. Os pesquisadores inicialmente procuraram mapear, por meio de estudos de casos e visitas, os possíveis conflitos nos fluxos e outras situações que prejudicam a realização das diversas atividades envolvidas na rotina deste ambiente. Em seguida, é mostrado o processo de desenvolvimento de um protótipo de sala de cirurgia ambulatorial, estudo que tomou como base as recomendações do design baseado em evidências e contou com a utilização de simulações realizadas em computador e de lições advindas da avaliação pós-ocupação de unidades existentes. O desenvolvimento do protótipo incluiu ainda a utilização de maquetes em escala real, em um processo iterativo que partiu do design, passando pela fabricação, depois ao teste e, por fim, ao redesign. Como resultado do estudo são apresentadas diversas recomendações sobre o dimensionamento e o layout das salas de cirurgia ambulatoriais.

Os pesquisadores Chayane Galvão e Jonathas Silva, da PUC de Campinas, apresentam uma discussão acerca das evoluções arquitetônicas nos espaços de saúde, analisadas sob a ótica das influências sociais, tecnológicas e legislativas, com ênfase nas soluções projetuais relacionadas ao controle das infecções hospitalares. Por meio da análise do projeto do Hospital Regional de Chapecó, de autoria do arquiteto Irineu Breitman, os autores identificam elementos e estratégias arquitetônicas projetuais adotadas pelo arquiteto com o objetivo de mitigar a propagação de doenças no ambiente hospitalar. 

Por fim, a arquiteta e pesquisadora Katia Fugazza apresenta um panorama histórico das soluções projetuais relacionadas à ventilação natural nos ambientes de saúde. Derivado de sua dissertação de mestrado, o estudo mostra como se deu a evolução das soluções projetuais relacionadas à ventilação natural em hospitais ao longo da história, destacando sua importância e ilustrando com diversos exemplos de projetos referenciais.

Esperamos que a variedade e a riqueza dos temas apresentados nesta edição da Revista IPH possam servir não só como fonte de pesquisa, mas também como inspiração e incentivo para todos aqueles que atuam ou desejam atuar com produção técnico-cientifica sobre os ambientes de saúde. A complexidade e a constante evolução tecnológica desta área exigem que novas investigações e pesquisas sejam realizadas constantemente e, após duas décadas de existência, a Revista IPH reafirma seu compromisso em manter as portas sempre abertas à divulgação de conteúdo de qualidade.


Boa leitura!

Prof. Arq. Marcio Nascimento de Oliveira

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