IPH - Instituto de Pesquisas Hospitalares

Publicações Revista IPH Revista IPH Nº 12: Anais Entrevista com o Coordenador Científico do Congresso Gestão em Saúde

Revista IPH Nº 12
Entrevista com o Coordenador Científico do Congresso Gestão em Saúde Gonzalo Vecina Neto
IPH - Os processos de saúde se apoiam nos processos administrativos, quais as estratégias para envolver a equipe médica nestes processos administrativos?

Gonzalo Vecina - Esta é a pergunta de um milhão de dólares. Como integrar o médico no processo de gestão e como integrar o médico no processo de atenção, essa coisa do cuidar que nós estávamos discutindo agora, cuidar para curar. É obvio que o médico é um profissional singular nesse processo, porque ele, dentre os profissionais, é o que realiza a atividade de diagnóstico e tratamento e isso o torna singular. Por outro lado, principalmente nos hospitais privados, quando você tem um corpo clínico aberto, essa dificuldade é uma dificuldade mais importante ainda. Nos hospitais públicos e nos hospitais privados, que trabalham com um corpo clínico fechado, existe um conjunto de regras que você pode adotar. E eu vejo isso também nos hospitais privados que trabalham com um corpo clínico aberto nas unidades fechadas. Geralmente, nas unidades fechadas, tipo U.T.I., você trabalha com corpo clínico fechado contratado, daí essa integração do médico na equipe, ela tem menos dificuldade, para não dizer mais facilidade. Mas nesse sentido, e levando em conta esses diferentes graus de dificuldade para integrar o médico à equipe, nós temos visto esta ideia que foi citada aqui, o cuidado focado no paciente com diferentes graus de profundidade. E como disse o nosso Osvaldo*, levar as coisas ao paciente em vez de levar o paciente às coisas, com limitações é obvio, é algo que nós temos que perseguir. A mesma coisa tem que acontecer em relação à equipe, quer dizer, nós temos que pensar que, para um melhor cuidado para curar, nós temos que repensar a divisão de trabalho na área da saúde, nós dividimos muito o trabalho na área da saúde. De tal forma que, hoje, você tem o cara que empurra a maca, o cara que tira o paciente da maca, o cara que põe o paciente na maca, uma divisão de trabalho doida. Então a responsabilidade pela atividade de vida diária é da enfermagem, a responsabilidade pela fisioterapia respiratória é do fisioterapeuta. E aí o paciente fica muito agendado e o cuidar vai para o vinagre. Você fica só com a ideia do curar, e o cuidar é tão importante quanto o curar. A ideia que está hoje em alguns hospitais, nos Estados Unidos e na Europa, já é a de focar no paciente, em que o profissional repensa o seu espaço de trabalho. Aquele que está próximo do paciente é aquele que vai executar o cuidado que ele necessita no momento em que ele precisa que aquilo seja feito, pede para aquilo ser feito. Esta ideia exige uma reorganização do processo de trabalho, um agendamento do processo de trabalho e a criação de novos pactos de trabalho dentro da unidade de internação. Isso é possível levar para dentro da atenção primária também, quer dizer, com processo de atendimento diferenciado. Na verdade, é um processo de atendimento diferenciado que você está fazendo, mas exige um pacto entre a equipe de profissionais. E o médico tem que entrar nesse pacto. Isso é bem mais fácil com a equipe multiprofissional, o médico tem que ser incorporado. Esta é a ideia de gestão do cuidado que tem que ser disseminada na equipe e o médico tem que comprar este projeto, é possível, mas não é fácil.

*Osvaldo Artaza Barrios - Organización Panamericana de la Salud - México.

Compartilhe
« voltar
Enviar por e-mail: