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Publicações Revista IPH Revista IPH Nº 11 Uma Abordagem Salutogênica em Relação ao Projeto de Ambientes Médicos no Setor Público

Uma Abordagem Salutogênica em Relação ao Projeto de Ambientes Médicos no Setor Público Alan Dilani
Enquanto a prática clínica foca no tratamento de doenças, existe um grande número de pesquisas que sugerem que a qualidade de tudo o que nos cerca cotidianamente é muito importante para a manutenção do bem-estar.

Há décadas, a arquitetura e o design têm sido influenciados pelas sociedades industriais e, consequentemente, prédios públicos, tais como aeroportos e hospitais, são frequentemente projetados para funcionar e ter a aparência de fábricas. A prática clínica em hospitais foca principalmente no tratamento de doenças, ao mesmo tempo em que costuma negligenciar as necessidades psicológicas, sociais e espirituais do paciente. As qualidades ambientais que poderiam ser consideradas como um suporte psicológico ainda não foram propriamente desenvolvidas. Um projeto de apoio psicossocial estimula e encoraja as pessoas, mental e socialmente, e mantém o sentido de coerência do indivíduo. A função básica de projetos de apoio psicossocial é iniciar um processo mental para atrair a atenção humana, o que pode reduzir a ansiedade e promover emoções psicológicas positivas. Os processos ligados à saúde poderiam ser fortalecidos e promovidos a partir da implementação de um projeto Salutogênico, ou seja, que foque naquilo que nos mantêm bem, em vez de naquilo que nos faz mal. O objetivo de um projeto de apoio psicossocial é estimular a mente para trazer a sensação de prazer, criatividade, satisfação e alegria. Há uma importante relação entre o sentido de coerência de um indivíduo e as características do ambiente físico. Nesta revisão de literatura, nós estudamos mais de 300 artigos, assim como outras literaturas que possuem conexão relevante às seguintes áreas: ambiente físico, saúde e comportamento - para esclarecer a questão do projeto de apoio psicossocial.

Figura 1- Uma abordagem salutogênica em relação ao ambiente físico inclui projetar atributos que deem suporte ao nosso bem-estar. (Projetado por Anshen + Allen)

Teorias e Perspectivas sobre a Saúde

De acordo com Ewles e Simnet (1994), saúde é um conceito difícil de definir, uma vez que é uma experiência subjetiva: ela é afetada por normas e expectativas e é também formada por experiências anteriores. (ibid.). Existem algumas definições diferentes de saúde. Por exemplo, Lawrence definiu saúde como uma condição em que recursos são desenvolvidos na relação entre humanos e o seu ambiente biológico, químico, físico e social (Lawrence, R.J. 2002). A compreensão de saúde pode ser dividida em duas perspectivas diferentes: a biomédica e a holística.  Do ponto de vista biomédico, a saúde é considerada uma condição sem doenças (Andersen, Göransson e Petersson, 2004). No mundo ocidental, a perspectiva biomédica vem prevalecendo e, portanto, é a base sobre a qual se estabeleceu as áreas médicas e de assistência à saúde (Nordenfelt, 1991).

O ponto de vista holístico enfatiza as múltiplas dimensões do conceito de saúde, incluindo as sociais, psicológicas, emocionais, espirituais e sociais (ibid.). Da perspectiva da pesquisa, o conceito de saúde pode ser dividido do ponto de partida patogênico e Salutogênico.  A pesquisa de patogênese tem como foco explicar por que certos fatores etiológicos causam doenças e como eles se desenvolvem no organismo fisiológico (Antonovsky, 1979). Normalmente, o objetivo primário da pesquisa de patogênese é encontrar tratamentos médicos (ibid.). A pesquisa Salutogênica é fundamentada na identificação de fatores de bem-estar que mantêm e promovem a saúde, em vez de investigar fatores que causam a doença (Antonovsky, 1991). Juntas, a abordagem patogênica e a Salutogênica oferecem um conhecimento e uma compreensão mais profunda sobre saúde e doença. (ibid.). Para ser capaz de responder à questão da Salutogênese - O que possibilita e mantém pessoas saudáveis? - Antonovsky (1991) desenvolveu o conceito de um sentido de coerência (SOC - sense of coherence). Ele defende que uma pessoa com grande sentido de coerência escolhe a estratégia de superação mais apropriada em uma situação de estresse. Por exemplo, uma pessoa pode optar entre combater, escapar ou não fazer nada dependendo do tipo de agressor a que está exposta (ibid.). Pesquisas mostram ser possível medir o sentido de coerência de uma pessoa e, consequentemente, prever a situação da saúde dela (Suominen, Helenius, Blomberg, Uutela e Koskenvuo, 2001).

Um sentido de coerência forte indica uma boa saúde e um sentido de coerência baixo indica uma saúde ruim (ibid.).  Em seu estudo, Heiman (2004) mostrou que alunos com um sentido alto de coerência não eram submetidos a altos níveis de estresse. A pesquisa também mostrou que estratégias de superação demonstraram uma correlação significativa com o sentido de coerência do indivíduo (ibid.). O conceito de sentido de coerência tem três componentes vitais: (1) ser compreensível, (2) ser administrável e (3) ser significativo (Antonovsky, 1991). Uma pessoa com um sentido de coerência forte tem pontuação alta em todos os três componentes. De acordo com Antonovsky (1991), "ser compreensível" implica que o indivíduo percebe o ambiente ao seu redor e que o que está acontecendo no mundo como sendo coerente. Se algum evento inesperado acontece, como um acidente ou um fracasso pessoal, a pessoa que compreende o motivo desses acontecimentos tem um sentido de compreensão mais alto do que aqueles que não conseguem. Uma pessoa com baixo sentido de coerência tem a percepção de ter falta de sorte.

Figura 2: Fatores de bem-estar no ambiente, como a luz do dia e a natureza, ficam evidentes no abrigo de radiologia no Thunder Bay Regional Health Sciences Centre no Canadá, projetado por Farrow Partnership Architects

O Impacto de um Ambiente Construído sobre a Saúde e o Bem-Estar

Existe uma interação entre a saúde humana e o ambiente construído. De acordo com Dilani (2006), o ambiente físico não é apenas vital para uma boa saúde como também pode ser um agressor crítico para o indivíduo. Os elementos físicos de uma organização podem contribuir para o estresse e são, portanto, fatores essenciais para melhorar o conforto (Dilani, 2001).  Apesar disso, a maioria dos ocidentais passa a maior parte do tempo em ambientes fechados; falta conhecimento sobre como esses ambientes afetam a saúde e o bem-estar de uma pessoa.  Existe uma crença geral de que os seres humanos estão constantemente se adaptando ao ambiente (ibid.). Frequentemente chamada de Teoria da Adaptação, essa crença indica que quanto mais uma pessoa mora ou trabalha em um determinado local menos consciente ela será em relação àquele ambiente (Carnvale, 1992). O senso comum dita que é sinal de fraqueza se deixar afetar pelo mundo físico à nossa volta.

Para criar ambientes físicos acolhedores, é crucial entender as necessidades fundamentais do indivíduo (Heerwagen et al., 1995); além de ter profissionais de distintas disciplinas dispostos a colaborar no desenvolvimento das melhores condições para seres humanos (Heerwagen et al. 1995; Lawrence, 2002).  Antes de um zoológico ser construído, é comum que arquitetos, designers, biólogos, paisagistas, psicólogos de animais e especialistas em construção civil colaborem na criação de um ambiente que otimize as condições de moradia para os animais (Heerwagen et al., 1995). Fatores como, materiais, vegetação e iluminação são levados em consideração; os animais precisam de espaço suficiente para comer, dormir e para decidir quando socializar ou ficar sozinho; e até mesmo a necessidade deles de controle e escolha é considerada. O objetivo é criar um ambiente que ofereça respaldo ao bem-estar físico, psicossocial e social dos animais. Ironicamente, os seres humanos não parecem fazer as mesmas exigências quando um ambiente de trabalho está sendo projetado. 

Heerwagen et al. (1995) criou um sistema com diretrizes para um projeto Salutogênico que destaca os seguintes fatores:  (1)  Coesão social, pontos de encontro tanto formais quanto informais;  (2) Controle pessoal de iluminação, luz do dia, som, temperatura e acesso a quartos privativos; (3) Recuperação e relaxamento com quartos silenciosos, iluminação suave, acesso à natureza e uma bela vista. Stokols (1992) também contribuiu com sugestões de projetos para ambientes promotores da saúde que partem de três dimensões da saúde diferentes: física, mental e social. A saúde física pode ser promovida por meio de um projeto ergonômico em ambientes não tóxicos. A saúde mental pode ser promovida por meio do controle pessoal e da possibilidade de adiantar situações, assim como por elementos estéticos, simbólicos e espirituais. A saúde social pode ser promovida por meio de acesso a uma rede de apoio social e da participação no processo de projetar. Entretanto, nas pesquisas na área da saúde, não é novidade entender o ambiente físico como um fator promotor da saúde. Já no século 19, Florence Nightingale desenvolveu uma teoria sobre cuidados com a saúde na qual enfatizava que os elementos físicos são vitais para a saúde do indivíduo (SHSTF, 1989). Barulho, iluminação e a luz do dia, por exemplo, foram considerados fatores influência vitais sobre o humor de uma pessoa (ibid.).

Figura 3; Modelo Teórico para Doenças Psicossociais Influenciadas pelo Ambiente, por L. Levi, 1972

Durante o século 20, diferentes pesquisadores desenvolveram modelos de estresse que ilustram como o ambiente físico pode afetar a saúde e o bem-estar do ser humano (Levi, 1972; Kagan e Levi, 1975; Dilani, 2001; Dilani 2006b). Levi (1972) fundou a teoria do estresse, a qual foi posteriormente desenvolvida por Kagan e Levi (1975). O modelo descreve como o ambiente físico é a fundação sobre a qual a organização, a estrutura e o objetivo da sociedade são construídos e, no longo prazo, é crítico para a promoção tanto da saúde quanto da doença (Dilani, 2001). O modelo está construído sobre um sistema que nos leva a um entendimento mais profundo sobre o ambiente físico e os diferentes componentes humanos (Kalimo, 2005). Ele descreve que o ambiente físico é a base para criar a organização social, a estrutura e as funções na sociedade. De acordo com Dilani (2001), o modelo (veja Figura 3 acima) descreve como o ambiente físico é a fundação sobre a qual a organização, a estrutura e a função da sociedade são construídas e, no longo prazo, promove tanto a saúde quanto a doença. O modelo é usado no campo da arquitetura para integrar elementos do design com saúde e bem-estar.

O modelo é usado no campo da arquitetura para integrar elementos do design com saúde e bem-estar. (ibid.). De acordo com Kalimo (2005) a teoria desenvolveu uma compreensão mais profunda sobre o efeito do ambiente físico nos seres humanos. Emdad (2005) desenvolveu um modelo chamado Instabilidade das Pirâmides do Estresse (Instability of Pyramids of Stress) em que a arquitetura e a arte são variáveis mensuráveis. Emdad apresenta um novo sistema que leva em consideração a neuroergonomia em relação à saúde no ambiente de trabalho. Por exemplo, existe um risco de o colaborador desenvolver sintomas relacionados ao estresse e doenças se sofrer grandes demandas do ambiente ao seu redor e não for recompensado. Além disso, o colaborador vai sofrer estresse se a sua recompensa não for suficiente ou for inadequada.  O colaborador também pode sofrer estresse se não tiver estratégias de esforço adequadas voltadas para fatores psicossociais, relacionados à sua casa e à sua família ou à neuroergonomia. O modelo integra todos esses fatores e foca em saúde, exaustão, doença cardiovascular e memória recente (ibid.).

Figura 4 Pesquisas sugerem que salas de cirurgia amplas e vastas, como esta do Broadgreen Hospital, Liverpool, projetada por Nightingale Associates, elevam o desempenho cirúrgico por meio do apoio social e profissional à equipe.

Apoio Social e Superexposição em Relação ao Ambiente Físico

O apoio social é um fator importante quando o objetivo é promover a saúde e o bem-estar do indivíduo (Costa, Clarke, Dobkin, Senecal, Fortin, Danoff e Esdaile, 1999; Saito, Sagawa, Kanagawa, 2005; Jacoby e Kozie-Peak, 1997; Oginska-Bulik, 2005). O conhecimento e a consciência sobre o apoio social e a sua relação com a saúde cresceram nos anos 50 (Fleming, Baum e Singer, 1985). Ao mesmo tempo, pesquisadores estabeleceram que, quando o objetivo é promover a saúde e o bem-estar, é importante levar em consideração o ambiente físico e a sua influência sobre as emoções, os comportamentos e as motivações das pessoas (ibid.). É, portanto, essencial identificar fatores no ambiente físico e, por meio do design e da arquitetura, criar pontos de encontro que possam promover interações sociais espontâneas e apoio social (Fleming et al. 1985, Conners, 1983).

Superexposição

A superexposição está intimamente ligada ao apoio social e é frequentemente definida como o número de pessoas em certa área ou o quanto de espaço cada indivíduo tem à disposição em uma determinada área (Geas, 1994). Altman (1975) descreve a superexposição como uma condição em que a esfera privada de uma pessoa é invadida, por exemplo, quando uma pessoa ou um grupo é exposto a mais interação social do que seria desejável. Se há excesso de contato indesejado, um indivíduo pode ter a sensação de superexposição. Por outro lado, se um indivíduo experimenta escassez de contato, há o risco de ele se sentir solitário e isolado (ibid.). Esse equilíbrio entre interação social e solidão desejada pode ser regulado e alcançado se é dada à pessoa a capacidade de controlar os seus próprios níveis de interação social (Maxwell, 2006).

A superexposição pode ser reduzida pela criação de edificações e espaços em que o indivíduo pode controlar e decidir se gostaria de ficar em privacidade ou participar de interações sociais (Altman, 1975). Por exemplo, pesquisas mostram que determinado tamanho e desenho de residências estudantis pode aumentar o número de atividades sociais e promover a interação social, criar uma sensação maior de controle e reduzir a sensação de superexposição (Baum & Davis, 1980). Mesmo um pé-direito alto pode contribuir para a redução da sensação de superexposição. Apesar de possuir a mesma área, as pessoas têm a sensação de um quarto com pé-direito alto ser mais claro e espaçoso.

Portanto, se a arquitetura e o design podem criar espaços que diminuam a superexposição, eles podem reduzir a experiência de estresse e promover a interação social (Baum e Valins, 1977). A superexposição pode também dificultar a interação social e o apoio social (Geas, 1994), que estão intimamente ligados à saúde e ao bem-estar (Costa, Clarke, Dobkin, Senecal, Fortin, Danoff e Esdaile, 1999; Saito, Sagawa e Kanagawa, 2005; Jacoby e Kozie-Peak, 1997; Oginska-Bulik, 2005). Isso ilustra a importância de identificar fatores no ambiente físico que promovam interações e apoios sociais espontâneos (Fleming et al., 1985).

A Natureza e o seu Significado para a Saúde

A maioria das pessoas tem algum tipo de relação com a natureza e existem muitas pessoas que valorizam muito ambientes naturais diversos. Há também muitas pessoas que querem dar um tempo da vida cotidiana durante os fins de semana e feriados para recuperar suas energias em locais recreativos, relaxantes e naturais. O que faz com que as pessoas se sintam em paz na natureza? O ambiente natural afeta as pessoas de diferentes maneiras? É possível chegar a alguma conclusão generalizada sobre a influência da natureza no ser humano?

Kaplan e Kaplan (1989) desenvolveram a Teoria da Atenção e da Recuperação (Attentional Restorative Theory (ART), que identifica dois sistemas de atenção e como eles estão relacionados. Os pesquisadores optaram por denominá-los atenção direta e indireta. A atenção indireta não exige qualquer energia ou esforço da pessoa e é ativada quando alguma coisa excitante acontece de repente ou quando alguém não está focando em alguma coisa em particular. A direção direta é ativada assim que uma pessoa precisa se concentrar e focar em uma tarefa, bloqueando simultaneamente qualquer outro estímulo perturbador. Após um período intenso de atenção direta, a pessoa precisa se recuperar, do contrário, ela entrará facilmente em um estado de exaustão mental. Pessoas em constante estado de atenção direta, sem descanso, irritam-se e tornam-se impacientes facilmente; e tem sido mostrado que pessoas mentalmente exauridas costumas cometer os chamados "erros humanos" (ibid). Uma pessoa incapaz de se concentrar normalmente se torna descuidada, menos colaborativa e menos competente (Kaplan e Kaplan 1989; Kaplan 1995; Herzog, Maguire, e Nebel, 2003). Portanto, para ser eficiente no trabalho, é vital ter um sistema de atenção em funcionamento perfeito e achar tempo para a recuperação.

Em seus estudos, Kaplan e Kaplan (1989; 1995) conseguiram distinguir quatro necessidades concernentes a quando um indivíduo precisa recuperar-se e divertir-se. (1) Necessidade de afastar-se da vida cotidiana e suas rotinas, sons e multidões etc. (2) Necessidade de ter um estímulo vital, o qual estimula o indivíduo sem esforço e diminui o risco de tédio. (3) Necessidade de extensão (espaço para respirar) que ao mesmo tempo pode criar a sensação de estar em um mundo completamente diferente. (4) Necessidade de compatibilidade enquanto desempenha suas funções (ibid.).

O ambiente de recuperação deve ser convidativo e equilibrado com uma beleza estética que permita às pessoas refletir (Herzog, et al. 2003). A natureza oferece diversas cores, formas e aromas que podem estimular as pessoas a esquecer sobre suas rotinas (Kaplan e Kaplan, 1989; Kaplan 1995; Herzog et al. 2003). Ambientes naturais normalmente oferecem uma atmosfera em que a necessidade de harmonia e de compatibilidade dos indivíduos é respeitada. É, portanto, muito importante que ambientes naturais sejam acessíveis nos locais de trabalho (ibid.).  A Teoria da Atenção e da Recuperação vem sendo testada e confirmada por diversos pesquisadores (Herzog et al.  2003; Tennessen e Cimprich, 1995). Um dos estudos (Herzog et al., 2003) mostrou que três dos quatro componentes - afastar-se do cotidiano; extensão; e compatibilidade - são vistos como indicadores mensuráveis de como criar um ambiente de recuperação. Muitos estudos também confirmaram que os seres humanos acreditam que os ambientes naturais são mais capazes de promover a recuperação do que os ambientes urbanos (Van den Berg, Hartig e Staats, 2007). Por isso, quando os seres humanos se sentem cansados e exauridos mentalmente, a natureza é o local apropriado para a recuperação. Outros estudos mostraram que observar a natureza através de uma janela oferece resultados positivos (Moore, 1981-1982; Ulrich, 1984; Leather, Beale e Lawrence, 1998; Frumkin, 2001).

Luz do Dia, Luz do Sol, Janelas e o Efeito da Iluminação sobre a Saúde

Há uma extensa pesquisa sobre os efeitos positivos da luz do dia sobre o bem-estar psicológico dos seres humanos (Evans, 2003). A falta de luz do dia pode levar tanto a dificuldades fisiológicas quanto psicológicas (Janssen e Laike, 2006). Outro pesquisador estudou uma instituição corretiva no Michigan e os resultados provaram que internos com celas e janelas voltadas ao pátio da prisão iam à enfermaria com mais frequência do que aqueles com as janelas voltadas para a floresta e campos de plantação (Moore, 1981-1982). Ulrich e Lundén (1984) mostraram que pacientes de hospitais internados em quartos com vista para a natureza tinham uma reabilitação mais rápida do que aqueles com vista para a parede. A pesquisa também mostrou que a incidência da luz do dia em salas de aula é necessária para manter os níveis de hormônios dos alunos balanceados (Küller e Lindsten, 1992).

As janelas também podem trazer resultados positivos para os pacientes (Verderber, 1986; Lawson, 2001). Por exemplo, a janela pode contribuir para uma melhora da saúde ao permitir a entrada de ar fresco e luz do dia, ao fornecer uma vista e uma conexão com o mundo externo, desta forma satisfazendo a necessidade do paciente ou do prisioneiro de presenciar as variações sazonais (Verderber, 1986; Lawson, 2001). Outro estudo mostrou que a exposição à luz direta através da janela no ambiente de trabalho elevou o bem-estar dos trabalhadores e teve um impacto positivo sobre as suas atitudes e satisfação em relação ao trabalho (Leather et al., 1998).

Quartos sem janela podem afetar a saúde e o bem-estar do ser humano de forma negativa (Janssen & Laike, 2006; Küller e Lindsten, 1992; Verderber, 1986). Um dos estudos mostrou que operários trabalhando em quartos sem janelas experimentaram mais tensão e tinham uma atitude mais negativa em relação às suas condições físicas de trabalho do que trabalhadores com escritórios e janelas (Heerwagen e Orians, 1986). Pacientes internados em quartos sem janelas podem desenvolver escassez sensorial e reações depressivas, além de percepção, cognição e atenção exacerbadas (Verderber, 1986).

Uma vez que a luz do dia impacta positivamente a fisiologia humana, ela deve ser priorizada no lugar da luz do dia artificial, a qual alguns alegam ter o mesmo efeito. De acordo com algumas pesquisas, a luz do dia artificial pode afetar positivamente os níveis de cortisol de alunos e talvez contribuir para menos dias de ausência por doença (Küller e Lindsten, 1992). Lack e Wright (1993) mostraram que a exposição à luz durante alguns momentos em um período de 24 horas pode prolongar o sono e melhorar a sua qualidade. O consumo e os custos com energia podem diminuir se o indivíduo tiver a habilidade de controlar os níveis de iluminação (ibid.), o que também terá um efeito positivo sobre os recursos naturais (Moore, Carter and Slater, 2004). Além disso, a satisfação geral de um indivíduo era maior quando ele tinha a habilidade de controlar, sozinho, os níveis de iluminação (ibid.). A conclusão de Küller (2002) sugere que a iluminação vai se tornar mais importante no futuro, especialmente pelo fato de ser cada vez mais comum prédios sem janelas que não têm acesso à luz do dia.

Figura 5 Cores e formas como pontos de referência para facilitar a orientação. Projetado por BMJ Architects Glasgow - Escócia

Cores, Espaço e Pontos de Referência para o Bem-estar

As cores podem afetar a atividade cerebral e criar uma sensação de bem-estar e originalidade na arquitetura (Janssen, 2001). As cores podem também ter valor simbólico e, desta forma, contribuir para a identidade e/ou para o significado cultural do prédio. Planejadores urbanos deveriam ter grande interesse pelo uso das cores, principalmente pelo valor estético, mas também pelo valor simbólico que podem refletir a filosofia da organização (ibid.). Às chamadas cores quentes (vermelho, amarelo e laranja) é atribuído o efeito de agitação; e às chamadas cores frias (azul, roxo e verde), o efeito de relaxamento (Küller, 1995). Küller (1995) refere-se ao conhecido estudo sobre cores de 1958 no qual pesquisadores conduziram testes psicológicos diferentes para investigar a atividade cerebral durante a exposição a diferentes cores. Após exposição à cor vermelha, a atividade cerebral dos pacientes aumentou mais do que quando eles foram expostos à cor azul. Os resultados mostraram diferenças na pressão sanguínea, na respiração e na frequência ao piscar (ibid.). Outro estudo mostrou que a recuperação era mais completa quando os participantes foram expostos ao azul claro, confirmando que as cores de fato afetam a atividade cerebral (Ali, 1972).

Goldstein (1942) chama a atenção para um importante ponto de vista que afirma que as experiências prévias do indivíduo podem afetar as suas emoções, ações e comportamentos, dependendo a qual cor ele for exposto. Existem fatores geográficos, culturais e históricos que podem afetar a escolha de cor de uma pessoa; além disso, algumas cores possuem um significado religioso (ibid). Berlyne (1971) e Janssen (2001) destacam que as cores devem ser apropriadas ao contexto do ambiente e que é importante ativá-las de forma equilibrada e combinada com o ambiente.

O espaço é tanto aquilo que separa as pessoas umas das outras como aquilo que as une (Lawson, 2001). É a arquitetura com os seus prédios, salas, superfícies e facilidades que criam os pré-requisitos para que os indivíduos cooperem, trabalhem em privacidade, desenvolvam relacionamentos e alcancem as suas necessidades sociais, psicológicas e fisiológicas gerais (ibid.). De acordo com Vischer (2005), a imagem e a identidade da organização são identificadas e expressas por meio das facilidades arquitetônicas. Vischer (2005) também defende que a identidade laboral e a função do colaborador estão associadas ao ambiente de trabalho e, portanto, o projeto arquitetônico forma, em parte, a identidade do colaborador. Além disso, o projeto do ambiente físico de trabalho tem um efeito profundo sobre o desempenho do colaborador e, no longo prazo, afeta a produtividade da organização. O conforto físico, psicológico e funcional pode ter resultados positivos sobre o desempenho e a moral do colaborador (ibid.).

Outros fatores para o bem-estar são os pontos de referência das edificações (Dilani, 2004; 2006b). Pontos de referência estão intimamente relacionados à percepção do estresse (Dilani, 2004), servindo como pontos de referência em prédios para facilitar a orientação e ajudar a criar mapas cognitivos para o ambiente (Dilani, 2006b). Esses pontos de referência podem ser objetos como esculturas, pinturas, aquários ou cores diferentes em salas diferentes.

Barulho

O barulho é um dos problemas mais evidentes em instituições corretivas. Níveis elevados de barulho podem perturbar o sono, aumentar o estresse e dificultar a comunicação (Janssen e Laike, 2006). Estudos têm mostrado que o barulho pode contribuir para a irritação, a qual pode levar ao estresse e a doenças relacionadas ao estresse (Dijk, Souman e De Vires, 1987). Pesquisas também mostram que o barulho pode levar a níveis elevados de cortisol (Brandenberger, Follenius, Wittersheim e Salame, 1980; Evans, Bullinger e Hygge, 1998). Outros pesquisadores provaram que o barulho pode aumentar a pressão sanguínea de uma pessoa (Lang, Fouriaud e Jacquinet-Salord, 1992; e Evans et al., 1998). Além disso, o barulho pode também influenciar de forma negativa o processo de cura (Fife e Rappaport, 1976) e contribuir para a exaustão mental, o que por sua vez pode afetar a quantidade de medicamentos que um paciente toma (Persinger, Tiller e Koren, 1999; Yoshida, Osada, Kawaguchi, Hosuhiyama, Yoshida e Yamamoto, 1997). Algumas investigações também estabeleceram conexões entre barulho, irritação e falta de concentração (Dijk et al., 1987). Finalmente, outros estudos indicam que a percepção da qualidade de vida diminui em um ambiente barulhento (Evans et al., 1998) e níveis elevados de barulho podem também inibir a interação social (Mathewes & Canon, 1975).

Leather, Beale e Sullivan (2003) mostram que o barulho pode estar significantemente relacionado às demandas de trabalho, uma vez que a percepção que o trabalhador tem do estresse do trabalho enfraquece com níveis mais baixos de barulho. Os pesquisadores explicam que trabalhadores em um ambiente menos barulhento precisam de menos estratégias de adaptação para lidar com o ambiente físico e, portanto, podem focar a energia e as estratégias em outros eventos estressantes. Desta forma, o ambiente auditivo físico pode ser um fator vital para ajudar os indivíduos a lidar com outros agressores (ibid.). É importante também perceber que a experiência do som é altamente individual (Staples, 1996). Kryter (1994) descreve três variáveis que afetam a experiência de som de um indivíduo: volume, previsão, e possibilidades de controle.

Sons que Promovem a Saúde

Há sons que podem promover a saúde e Lai, Chen, Chang, Hseih, Huang, Chang e Peng (2006) sustentam que a música é um deles, uma vez que pode contribuir para a desaceleração do sistema nervoso simpático. A música tem efeitos psicológicos e pode unir as pessoas, expandir os seus sentidos e ajudá-las a lidar com dificuldades e traumas. A música pode levar também a frequências respiratórias e cardíacas mais baixas e ao aumento da temperatura corpórea (ibid.). Lee, Chung, Chan e Chan (2005) concluíram que a música pode ser um método eficaz para reduzir efeitos fisiológicos negativos quando as pessoas estão sofrendo de ansiedade e estresse. A música, seja sozinha ou associada a um tratamento terapêutico, pode melhorar o processo de cura do paciente (Nilsson, 2003). Por exemplo, McCaffrey e Good (2000) mostraram que pacientes que escutaram música depois da cirurgia sentiram menos dor, ansiedade e medo do que aqueles que não escutaram. Os pacientes alegaram que em vez de sentirem-se frustrados pela dor e pelo medo, a música os ajudou a focar na cura (ibid.). Em sua pesquisa, Spychiger (2000) mostrou que mais aulas de música na escola possibilitaram mais respostas emocionais, sociais e cognitivas e que os alunos que receberam uma educação musical mais extensa cooperaram mais e tiveram mais motivação para aprender do que os alunos com menos aulas.

Figura 6 Pesquisas sugerem que o som da música pode diminuir o estresse e a ansiedade

Música - Uma Atividade Promotora da Saúde

Participar de atividades culturais traz efeitos positivos para a saúde humana (Koonlaan, 2001). O seu estudo mostrou que indivíduos que não participaram de atividades culturais tiveram um risco de mortalidade 57% maior do que aqueles que participaram. A pesquisa mostrou que aqueles que inicialmente não participaram em atividades culturais, mas mudaram o comportamento e tornaram-se consumidores ativos de cultura, no fim do estudo, estavam com a saúde quase tão boa quanto a daqueles que participaram desde o princípio.  Neste estudo, Koonlaan (2001) provou a conexão íntima existente entre ser um consumidor cultural ativo e ser capaz de melhorar o próprio estado de saúde. Koonlaan também encontrou apoio para a sua hipótese de que se a pessoa modifica o seu comportamento para participar de atividades culturais, a sua percepção de saúde torna-se mais positiva. Outro estudo mostrou que pessoas que se engajam em atividades culturais potencialmente vivem vidas mais longas (Bygren, Benson e Johannson, 1996). Theorell (2000) conclui que o consumo cultural é muito importante do ponto de vista da saúde pública.

A música pode ser uma atividade promotora da saúde em um ambiente predial. Silber (2005) estudou um projeto de coro em uma instituição corretiva israelense para mulheres em que os resultados indicaram que a participação no coro teve efeitos positivos. Por exemplo, o coro transformou-se em uma nova plataforma social em que os participantes desenvolveram laços sociais entre si. As internas aprenderam a se escutar, receber críticas e expressar-se de uma forma diferente. A pesquisa de Silber (2005) enfatiza o valor dos coros em prisões e explica que o coro pode ajudar os prisioneiros a melhorar as suas percepções e relacionamentos interpessoais, beneficiando inclusive pessoas autoritárias (ibid.). Em um coro, os membros precisam seguir e confiar no maestro, o que pode ser um bom treino para os prisioneiros que normalmente têm problemas com figuras de autoridade. Em uma prisão, podem surgir conflitos relacionados ao poder e ao controle entre prisioneiros e carcereiros, os últimos representando a autoridade. Com o condutor, os prisioneiros precisam cooperar e juntos lutar por um objetivo em comum que não implica poder nem controle (ibid.). Além disso, o coro gera uma inter-relação dinâmica entre os seus membros. Cada membro precisa controlar a própria voz e, ao mesmo tempo, escutar e cooperar.

Para alcançar isso, os coristas treinam autocontrole, paciência, intuição e confiança, o que pode fortalecer a autoestima dos prisioneiros e dar a eles uma percepção mais positiva deles mesmos. Pratt (1990) considera que a música pode criar uma nova realidade, a qual pode tornar possível para o prisioneiro encontrar-se em um contexto diferente. A música pode criar uma sensação de liberdade que pode dar aos prisioneiros nova inspiração e força para mudar o comportamento deles. Pode ajudar o indivíduo a sobreviver, crescer e criar uma identidade pessoal e coletiva. Pratt também explica que o espaço criado pela música faz com que as pessoas se lembrem da sua necessidade fundamental e psicológica de liberdade. A música pode fazer uma pessoa esquecer pensamentos e emoções preocupantes, permitindo que ela, por um momento, viva o presente (ibid.). A pesquisa sobre os efeitos positivos, sociais e terapêuticos do coral no ambiente prisional é limitada (Silber, 2005). Entretanto, há muitas razões pelas quais valem a pena investigar como um coro pode ser um bom método para ajudar prisioneiros a mudar o comportamento criminal, como o fato de aumentar a autoestima do prisioneiro, a empatia, o autocontrole e de diminuir a agressão e a necessidade de reconhecimento imediato (ibid.).

Arte, Cura e Bem-estar

De acordo com historiadores da arte, os seres humanos vivem, hoje, em mundo mais estético, onde a arte, a moda e o design oferecem incontáveis experiências estéticas (Leder, Belke, Oeberst e Augustin, 20004). Quando uma pessoa observa e aprecia cenas visuais diferentes, como uma obra de arte, processos cognitivos e emocionais complexos afloram (Keith, 2001).  Para compreender o significado de uma pintura é importante entender as suas distintas partes antes de entendê-la em sua completude. Durante a observação de uma pintura e no processo de compreendê-la, uma pessoa pode, por exemplo, sentir alegria, participação, desconforto ou interesse. Essas respostas emocionais e cognitivas são chamadas de experiências estéticas (ibid.) e normalmente levam o observador a uma experiência positiva, satisfatória e recompensadora (Leder et al., 2004).

Segundo Kreitler e Kreitler (1972), a psicologia da arte é uma disciplina empírica e científica que foca no comportamento interno e externo de uma pessoa e em como eles estão relacionados à arte. Há diversas teorias psicológicas que tentam explicar e descrever a experiência que um indivíduo tem com a arte. Em resumo, Kreitler e Kreitler acreditam que modelos psicológicos concernentes à percepção artística deveriam estar fundamentados sobre o modelo comportamental homeostático, o qual sugere que há uma condição física específica na qual os seres humanos lutam para alcançar o equilíbrio entre tensão e relaxamento. Essa condição de homeostase pode explicar algumas partes do relacionamento do indivíduo com a arte e como a experiência artística pode ajudar um indivíduo a recuperar o equilíbrio homeostático. (ibid.).

A arteterapia (terapia com música, dança, pintura e teatro) tem um potencial único de atingir pacientes com doenças psicossomáticas que, com métodos terapêuticos tradicionais, dificultariam a aproximação (Theorell e Konarski, 1998). Argyle (2003), por exemplo, mostrou como um grupo de pessoas identificadas como estando na zona de perigo para doenças mentais participou de projetos de arte diferentes e melhoraram o seu bem-estar social e mental. Os participantes atestaram que o projeto fortaleceu a autoestima deles, dando a eles uma sensação de pertencer a um grupo social. Esse projeto de arte promotor da saúde é eficaz em relação ao seu custo (ibid.). Gardner (1994) também sustenta que  participar de processos de arte diferentes pode dar ao indivíduo as ferramentas para expressar sentimentos e experiências de forma não verbal.

O Ambiente Físico e a Produtividade

Quando a administração de uma organização quer aumentar a produtividade, normalmente foca na competência do colaborador e na motivação pessoal, em vez de no ambiente físico e no projeto de design (Heerwagen et al., 1995). Em seu estudo, Herzberg (1966) observou a motivação dos colaboradores e a relação entre o comportamento do trabalhador e o ambiente físico. Quando o ambiente físico é percebido como perturbador, ele pode ter um efeito negativo sobre a motivação do colaborador, consequentemente, diminuindo a produtividade. Herzberg enfatizou que é necessário ter acesso a um ambiente físico compreensivo, o que pode contribuir para a motivação do colaborador (ibid.). A teoria da motivação de Maslow (1987) é uma das mais conhecidas teorias relacionadas à motivação e à necessidade humana. A teoria de Maslow foi desenvolvida para analisar e explicar o ambiente social, mas pode também ser aplicada ao ambiente físico (Heerwagen et al. 1995). Por exemplo, a necessidade de segurança pode ser conquistada por meio de ambientes projetados que permitam às pessoas uma boa perspectiva visual (ibid.). Se os seres humanos não forem estimulados por aquilo que os cercam, eles podem facilmente perder o interesse, o que pode levar a um desempenho pobre (Lawson, 2001). Por outro lado, o excesso de estímulo pode levar ao estresse, já que uma pessoa pode não ter a capacidade de lidar com o estímulo (ibid.).

Quanto mais conhecimento e mais consciência tivermos da relação entre saúde melhorada e lucro crescente, mais poderemos afetar a maneira como designers, arquitetos e gerentes projetam, constroem e mantêm prédios (Fisk, 2000). Por exemplo, um clima interno mais agradável pode melhorar a saúde do colaborador, diminuir a quantidade de faltas por doença, reduzir as necessidades de cuidados com a saúde e aumentar a produtividade, o que por sua vez, fortalece o capital humano e leva a um maior lucro da empresa. A melhoria ergonômica para os colaboradores também provou ser benéfica para o aumento do lucro da empresa (ibid.). Por exemplo, a IBM investiu 186.000 dólares (aproximadamente R$ 446.000) em educação ergonômica e implementou mudanças ergonômicas extensivas que incluíram mudar o desenho do local de trabalho e várias ferramentas de trabalho (Helander e Burris, 1995). As melhorias contribuíram para iluminação e funções de trabalho aperfeiçoadas, níveis mais baixos de barulho e mais apoio para as rotinas pesadas de trabalho. O projeto reduziu o número de faltas por doença em 19%, gerando um lucro anual de 68 mil dólares (aproximadamente R$ 163 mil). Além disso, as mudanças contribuíram para maior produtividade e qualidade, o que deu à empresa um lucro anual de 7 milhões e 400 mil dólares (aproximadamente R$ 17 milhões). Em outras palavras, investimentos e mudanças no ambiente físico geraram lucro por meio do aperfeiçoamento das condições de saúde e da produtividade (ibid.).

Discussão e Conclusão


O objetivo deste estudo era ilustrar como diferentes fatores de bem-estar no ambiente físico podem fornecer apoio psicossocial e atuar na promoção da saúde. A pesquisa mostrou que a perspectiva Salutogênica forma um sistema teórico de trabalho para o projeto de apoio psicossocial, uma vez que pode estimular, engajar e melhorar o sentido de coerência de um indivíduo e, consequentemente, fortalecer as suas estratégias de superação e promover a saúde. Para implementar projetos que forneçam apoio psicossocial é necessário que toda a organização entenda o significado de uma perspectiva Salutogênica. Conhecer os fatores ambientais que contribuem para a saúde e o bem-estar pode, posteriormente, servir de diretriz para a tomada de decisões políticas. Durante o processo de tomada de decisões é importante ter uma perspectiva interdisciplinar em que diferentes indivíduos com diferentes experiências e conhecimentos trabalhem juntos neste campo - profissionais como psicólogos, arquitetos, paisagistas, médicos, cientistas comportamentais e promotores da saúde. Felizmente, é cada vez mais comum o uso de uma perspectiva interdisciplinar como estratégia central (Barry, 2007). Por exemplo, o setor de tecnologia da internet contrata sociólogos, antropólogos e psicólogos que podem estudar e explicar como um produto será usado em contextos culturais diferentes. O uso de uma abordagem interdisciplinar no trabalho pode desafiar maneiras correntes de pensamento, além de tornar a pesquisa e a inovação mais democráticas e receptivas à opinião pública (ibid.).

As pessoas responsáveis pela tomada de decisão deveriam levar em consideração os seguintes fatores durante o processo de construção de uma prisão: boa iluminação; distrações no interior positivas; e acesso a: luz do dia, natureza, arte, objetos simbólicos e espirituais. Outros fatores importantes para levarmos em consideração são: a necessidade do indivíduo de controlar a iluminação, o barulho, a temperatura ambiente; e a possibilidade de escolher quando quer interagir socialmente e quando prefere a solidão. É também importante criar espaços atrativos e convidativos que promovam interação e apoio social, assim como criar espaços para a recuperação e as conversas particulares. Para motivar as pessoas a mudar o seu estilo de vida é necessário oferecer a elas atividades que fortaleçam a sua autoestima e eficácia. Isso pode ser parcialmente conquistado participando de diferentes atividades culturais.

Em resumo, este estudo esclareceu quais são os fatores no ambiente físico que podem promover saúde, bem-estar e aumentar produtividade e lucro.  Além disso, mostramos que existe a necessidade de termos mais estudos empíricos que verifiquem, investiguem e identifiquem fatores capazes de promover apoio psicossocial e bem-estar na saúde. Finalmente, nós encorajamos os responsáveis pela tomada de decisão a implementar o projeto de apoio psicossocial que promove a saúde e o bem-estar. Para concluir, gostaríamos de enfatizar a crença de Churchill que os prédios que nós construímos exercem um impacto significativo sobre o comportamento humano.

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